Património da Santa Casa
Igreja da Misericórdia
Época de construção: séculos 17/18.
Tipologia: arquitectura religiosa, maneirista, tardo-barroca e rococó.
Igreja da Misericórdia – anos sessenta
A Igreja da Misericórdia restaurada recentemente é a única construção que resta do antigo Convento de Santo António fundado pelo 1º Marquês de Marialva e 3º Conde de Cantanhede, D. António Luís de Meneses, em cumprimento de um voto feito por ocasião da grande batalha de Montes Claros em que venceu os espanhóis infligindo-lhes uma pesada derrota. Esta vitória tornou-se especialmente importante por ter sido decisiva para a consolidação da restauração da independência de Portugal depois de sessenta anos de domínio espanhol.
Igreja da Misericórdia – foto recente
Em acção de graças, D. António Luís de Meneses mandou construir os Conventos de Alcântara, em Lisboa, e o de Nossa Senhora da Conceição , na zona do Agueiro, em Cantanhede. Este convento pertenceu à Província de S. António da ordem franciscana tendo começado a ser construído no dia 28 de agosto de 1675. O conjunto das construções monásticas foi demolido em 1866 por ordem do Rev. Arcipreste Francisco dos Reis Pessoa, seu proprietário. A Igreja da Misericórdia e o terreno do cemitério que lhe estava anexo foram adquiridos pela Misericórdia em 1890, por decreto de 5 de agosto do mesmo ano.
A fachada do templo é muito sóbria, com um largo arco abatido a dar entrada para um átrio a que corresponde, no interior, o coro alto. No cunhais da frontaria foi aplicada cantaria de tipo rusticado e, à esquerda desta ergue-se a torre dos sinos, obra bastante mais recente que o resto das construções.
A data de 1733 que se pode ler na base do nicho da fachada deve indicar o ano do seu acabamento.
O interior tem uma só nave coberta por uma abóbada de estrutura leve e revestida de estuque. Aí se destacam os azulejos setecentistas de fabrico coimbrão, de muito bom nível, e com diversos painéis historiados aludindo a passagem da Vida de Nossa Senhora. De categoria são também os retábulos de talha, também datáveis do século XVIII, de estilo barroco. Há ainda diversas esculturas de várias épocas e de grande valor artístico.
Além do altar-mor com o respectivo trono, tem, ao lado do arco cruzeiro, dois altares: um, do lado poente, de Nossa Senhora das Dores; o outro, do lado nascente, da invocação de Santo António. Na nave, em dois oratórios, encontram-se as imagens do Senhor dos Passos e a de Nossa senhora da Soledade.
Interior da Igreja da Misericórdia
No pavimento do vestíbulo da entrada da Igreja, está o túmulo do 1º Marquês de Marialva. É também neste vestíbulo, mas do lado poente, que se encontra uma lápide do jazigo do Arcebispo Primaz, D. João Crisóstomo de Amorim Pessoa, ilustre prelado que muito engrandeceu a Misericórdia de Cantanhede.
Antigo Hospital do Arcebispo, D. João Crisóstomo
Época de construção: séculos 19/20
Tipologia: arquitectura civil hospitalar, neoclássica.
Antigo Hospital – anos trinta
O documento mais antigo que se refere à existência de um hospital em Cantanhede está datado de 1527, como está referido na página relativa à “História” da Santa Casa: “Carta de Mercê de D. João III, de 15 de maio de 1527. Esta Carta encontra-se na Torre do Tombo, na Chancelaria de D. João III, 2º volume, página 39, verso.
Em junho de 1674, a administração do Hospital passou para a Santa Casa da Misericórdia, por alvará de D. Fernando VI, de 16 de Maio (Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso VI, volume 46º, página 138).
Em finais do século XIX, 25 de dezembro de 1888, faleceu, em Braga, o Arcebispo resignatário dessa cidade, D. João Crisóstomo de Amorim Pessoa que deixou, por testamento, praticamente toda a sua avultada fortuna à Misericórdia de Cantanhede, sua terra natal e onde fora pároco de 1851 a 1854, com a obrigação, entre outras, de ela fundar um novo Hospital para os pobres. Para o efeito, foram adquiridos os terrenos que tinham feito parte da cerca do antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição; a respectiva escritura foi feita em 15 de agosto de 1889.
Em 15 de julho de 1891 começaram os trabalhos de construção do Hospital e em 28 de junho de 1896 foi inaugurado com muita pompa.
Novo Hospital – anos sessenta
Mas os avanços da ciência e o desenvolvimento da região mostraram que se tornava urgente a edificação de um novo Hospital que começou a ser construído a poucos metros. Mercê da dedicação e apoio de vários benfeitores e com a colaboração do governo, as obras ficaram concluídas a 16 de agosto de 1955 mas só entrou em funcionamento a 15 de fevereiro de 1956.
Hospital – anos noventa
Estas instalações foram profundamente remodeladas há poucos anos.
Asilo da Infância desvalida Maria Cordeiro
Época de construção: séculos 19/20.
Tipologia: arquitectura civil assistencial, revivalista neoclássica.
Lar Maria Cordeiro – anos quarenta
Em 7 de abril de 1849, realiza-se uma sessão extraordinária da Câmara Municipal de Cantanhede com a finalidade de informar o Governo Civil do Distrito de Coimbra sobre as necessidades do concelho, entre elas a necessidade urgente de criar uma “casa central de Asilo”.
Lar Maria Cordeiro – anos noventa
Em 1901, numa reunião da Mesa Administrativa, o provedor, Dr. António José da Silva Poiares, propõe a fundação do Asilo; para reunir fundos necessários também propõe a venda da antiga capela da Misericórdia e são tomadas outras iniciativas com a finalidade de angariar os fundos tão necessários.
Em 14 de fevereiro de 1910 são iniciados os trabalhos para a construção do Asilo, com a abertura dos caboucos. As obras terminam em 1914 e, no dia 1 de dezembro desse mesmo ano, é inaugurado o edifício para crianças do sexo feminino com 10 internadas, sob a regência de D. Maria da Assunção Mendes da Luz, de Coimbra.
A construção desta obra só foi possível graças à colaboração de muitos benfeitores mas, de um modo particular, graças a um donativo elevado (6.200$000) feito Joaquim Pereira Machado para perpetuar a saudade pela morte da mãe, D. Maria Cordeiro Machado.
Actualmente, após grandes obras de remodelação/adaptação, no Lar Maria Cordeiro funciona o Jardim de Infância.
Lares da 3ª Idade
Lar de Idosos Adelino Bugalho
O edifício do antigo Hospital do Arcebispo, após grandes obras de restauro, conservação e adaptação é utilizado, no corpo do lado poente, pelo Lar de Idosos Adelino Bugalho. Mantendo a traça exterior original, o seu interior foi palco de profundas obras de arquitectura para remodelação a fim de se tornar moderno e acolhedor.
Com uma utilização intensiva, são aí ministrados os melhores cuidados de apoio aos que o utilizam.
Lar de Idosos Francisco Pinto de Carvalho
Inaugurado nos anos noventa, o Lar de Idosos é uma resposta social desenvolvida em alojamento colectivo, de utilização temporária ou permanente, para idosos em situação de maior risco de perda de independência e/ou autonomia.
Extensão do Lar de Idosos
Instalações já com algumas décadas, aí residiam as Irmãs que prestavam apoio no Hospital da Santa Casa; foram completamente remodeladas e mobiladas para funcionamento da extensão do lar de idosos. Para maior comodidade dos utentes e com visão panorâmica, sobretudo nos dias frios e chuvosos de Inverno, foi construída uma ligação toda envidraçada e com aquecimento, entre esta unidade e o Lar.
Nova Creche
Com a Creche e Jardim de Infância a funcionar há muitos anos no edifício do Lar Maria Cordeiro, foi necessário construir uma nova unidade para poder dar resposta aos muitos pedidos de inscrição que todos os anos ficavam sem resposta adequada por parte da Santa Casa, por falta de instalações.
Concluído em 2010, é uma obra exemplar, a nível distrital, em termos de conforto e equipamento.
UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS
Edifício moderno, que cumpre rigorosamente o programa funcional previsto no normativo legal, dispõe de 8 quartos individuais e 11 duplos, o que perfaz a capacidade de 30 camas, áreas de recepção e apoio administrativo, salas de refeições, de convívio e de actividades, áreas de higiene pessoal, de apoio médico e de enfermagem, gabinetes para medicina física e de reabilitação (incluindo ginásio), áreas de pessoal e de logística e ainda uma sala de depósito temporário de cadáveres.
O investimento contou com a comparticipação máxima do Governo prevista no Regulamento do Programa Modelar, isto é, € 750 000,00, que foram destinados somente à fase de construção de acordo com o caderno de encargos aprovado, excluindo qualquer apoio para aquisição do equipamento, pelo que à Santa Casa cumpriu assumir o restante do investimento total que foi bastante avultado (construção e equipamento)